Exposição de risco

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Pesquisa aponta relação entre 19 tipos de câncer e ambiente de trabalho

Diariamente frentistas lidam com produtos químicos que contêm benzeno em sua composição, considerado cancerígeno pela ACGIH (American Conference of Industrial Hygienists). Diante dessa constatação, o Sinpospetro/MS (Sindicato dos Empregados em Postos de Serviços e Derivados de Petróleo do Estado de Mato Grosso do Sul) encomendou um estudo a respeito dessa substância e de outros hidrocarbonetos presentes em produtos manipulados em postos de gasolina: etil benzeno, xileno e tolueno.

A pesquisa está sendo realizada pelo engenheiro de segurança Albertoni Martins da Silva Júnior, especialista em Higiene Ocupacional pela Poli/USP e especialista técnico HAZMAT pela Universidade do Texas/EUA. De acordo com o Sindicato, 540 postos do Mato Grosso do Sul estão sendo pesquisados.

“O estudo aponta que há exposição a hidrocarbonetos durante o abastecimento, o descarregamento, o carregamento, a medição e a inspeção de tanques, principalmente quando envolve o abastecimento de veículos por gasolina, etanol e diesel, em que há o contato com partes contaminadas e vapores tóxicos. As principais vias de exposição são respiratória e cutânea. Os olhos também podem ser atingidos pelos vapores, o que causa danos aos mesmos”, aponta Albertoni.

Levantamento

Mas a exposição a substâncias cancerígenas não é exclusividade dos frentistas. Em 30 de abril, o Inca (Instituto Nacional de Câncer) lançou a publicação “Diretrizes para a Vigilância do Câncer Relacionado ao Trabalho”. O levantamento é resultado de uma revisão de literatura internacional e nacional sobre o tema, e constatou que ao menos 19 tipos da doença podem estar relacionados ao trabalho.

“Esta é a primeira vez em que o Brasil lança uma publicação com abordagem ampla do câncer decorrente da exposição a agentes cancerígenos presentes nos ambientes e nos processos de trabalho, com a contribuição de mais de 20 especialistas no tema”, afirma a epidemiologista Ubirani Otero, coordenadora da área de Câncer Ocupacional do Inca. “Espera-se que este documento instrumentalize o SUS na abordagem da vigilância que inclui a suspeição, a identificação clínica, o encaminhamento dos casos com confirmação da exposição decorrente do trabalho, a fim de que ações de vigilância epidemiológica e nos ambientes e processos de trabalho sejam implementadas”, completa.

Segundo a IARC (Agência Internacional de Pesquisa em Câncer) os trabalhadores com maior risco são aqueles das indústrias de alumínio, de ferro e aço, da borracha, de móveis e marcenaria, de refinaria de níquel, de calçados, bem como atividades específicas como a de pintores, agricultores, cabeleireiros, etc, em relação à população geral, devido às suas múltiplas exposições.

A IARC classifica 112 agentes na categoria 1 – com evidências suficientes de carcinogenicidade em humanos. Dentre eles, destacam-se o amianto (mesotelioma, câncer de pulmão), benezeno (leucemias), formaldeído (câncer de nasofaringe), radiações ionizantes (câncer de pulmão, leucemias), radiação solar (câncer de pele), aminas aromáticas (câncer de bexiga). “Destacamos também os agrotóxicos, que de acordo com estudos mais recentes, foram considerados como suspeitos de vários tipos de câncer (leucemia, pulmão linfomas, ovário, rins, estômago, testículos, entre outros)”, comenta Ubirani.

Recomendações

O levantamento ainda cita ações para prevenção e redução dos riscos de câncer relacionado ao trabalho, como o estabelecimento de prioridades relacionadas à prevenção. Em primeiro lugar apontam para a importância da remoção da substância ou agente cancerígeno do processo de trabalho. O próximo passo é evitar a exposição e eliminar gradualmente o uso das substâncias e, por último, restringir o uso para apenas algumas atividades predeterminadas com a adoção de níveis mínimos de exposição, associados ao monitoramento ambiental cuidadoso e à redução da jornada de trabalho.
Fonte: Revista Proteção Junho/2012

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